
Em maio de 2025, o governo de Minas Gerais declarou situação de emergência em saúde pública por 180 dias, em resposta ao expressivo aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado. Até o final de abril, foram registradas 26.817 internações e 397 óbitos relacionados à SRAG, números que evidenciam a gravidade da situação. A medida visa agilizar ações de enfrentamento, como ampliação de leitos, reforço na rede de atendimento e campanhas de vacinação.
A SRAG é uma condição clínica grave que pode ser causada por diversos vírus respiratórios, incluindo o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), influenza A e B, rinovírus e o coronavírus SARS-CoV-2. A chegada do outono e a aproximação do inverno contribuem para o aumento de casos, pois as temperaturas mais baixas e a maior permanência em ambientes fechados favorecem a disseminação desses vírus.
Além do frio, o tempo seco também tem papel relevante na propagação das infecções respiratórias. Durante períodos de baixa umidade, como os registrados em diversas regiões de Minas Gerais, as vias aéreas superiores tendem a ressecar, o que enfraquece as defesas naturais do organismo e facilita a entrada de agentes infecciosos. A combinação de ar seco, poluição e partículas em suspensão no ar contribui para agravar quadros clínicos e aumentar o número de hospitalizações, especialmente em crianças pequenas, idosos e pessoas com comorbidades.
A situação em Minas Gerais reflete uma tendência observada em outras regiões do Brasil. Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás e Maranhão também registraram aumento nos casos de SRAG, especialmente entre crianças de até dois anos, com destaque para infecções causadas pelo VSR. O Boletim InfoGripe da Fiocruz alerta para o crescimento contínuo de hospitalizações e casos graves em diversas regiões do país, impulsionados por fatores sazonais e baixa cobertura vacinal.
Com base nos dados mais recentes, o Estado de São Paulo também registra aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), embora ainda não tenha decretado estado de emergência. De acordo com o último Boletim InfoGripe da Fiocruz, diversas regiões paulistas apresentam tendência de crescimento nos casos de internações por SRAG, principalmente entre crianças de até cinco anos, impulsionado pela circulação intensa do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e do Influenza A. A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo tem reforçado a importância da vacinação e ampliado a vigilância nos hospitais e unidades de pronto atendimento, além de orientar a população sobre os cuidados preventivos. A situação é considerada de alerta, especialmente com a chegada do outono e a previsão de tempo seco nos próximos meses, fatores que favorecem o agravamento do cenário respiratório no estado.
Para conter a disseminação da SRAG, é essencial adotar medidas preventivas. A vacinação contra os vírus influenza e COVID-19 continua sendo uma das principais ferramentas de proteção, especialmente para os grupos mais vulneráveis. Além disso, recomenda-se a higienização frequente das mãos, evitar ambientes fechados e aglomerados, utilizar máscaras em locais com pouca ventilação ou grande circulação de pessoas, manter os ambientes arejados e, quando possível, utilizar umidificadores de ar em dias mais secos. A atenção precoce aos sintomas respiratórios e o afastamento de pessoas doentes de escolas e locais de trabalho também ajudam a interromper cadeias de transmissão.
Para amenizar os efeitos do clima e reduzir os impactos das condições ambientais na saúde respiratória, medidas simples podem fazer diferença. Em casa ou em locais de trabalho, o uso de umidificadores, bacias com água ou toalhas molhadas pode ajudar a manter a umidade do ar em níveis mais saudáveis. Beber bastante água, evitar o uso excessivo de aquecedores que ressecam o ar e manter a limpeza regular de filtros de ar-condicionado também são atitudes recomendadas. No frio, é importante manter-se agasalhado, mas sem exagerar em coberturas que dificultem a respiração ou favoreçam o acúmulo de ácaros e fungos. Pequenas adaptações no ambiente contribuem para proteger a saúde, especialmente durante os meses de maior risco.
ALESSANDRO A. ROMANO, advogado, especialista em Proteção e Defesa Civil, especialista em Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, MBA Gestão em Segurança Pública, Graduando em Engenharia de Segurança no Trabalho, Radioamador PY2OCZ, Membro fundador do GOER, Grupo de Operações de Emergências de Radiocomunicações de Osvaldo Cruz e instrutor da Help Life Treinamentos.