
"É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas", afirmou o ministro.
"Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional."
Almeida disse, ainda, que conversou com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e que os dois ministérios irão entrar em contato com as autoridades gaúchas para "acompanhar o caso e ajudar na construção de políticas de maior alcance".
O caso do trabalhador negro, no Rio Grande do Sul, que tendo sido vítima de agressão acabou sendo tratado como criminoso pelos policiais que atenderam a ocorrência, demostra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes.
É…
— Silvio Almeida (@silviolual) February 18, 2024
A CNN entrou em contato com a ministra Anielle Franco e aguarda retorno.
Entenda o caso
A ação dos policiais, realizada na manhã de sábado, foi gravada por pessoas que testemunharam a agressão sofrida pelo rapaz detido.
Nas imagens é possível ver a vítima, um homem negro, dando explicações a um dos policiais da Brigada Militar que atende a ocorrência. Simultaneamente, outra agente conversa com o suposto agressor, um homem branco sem camisa. A pessoa que filma o vídeo diz que o homem "deu uma facada no pescoço dele", e que "depois tentou de novo".
Em determinado momento, a vítima diz que trabalha na região, mas é interrompido pelo homem branco, que diz que ele "não trabalha nada". Ao tentar responder, o homem negro é agarrado pela camisa por um policial e, momentos depois, pressionado contra um muro.
Apesar da presença de outros três agentes, o suposto agressor sai andando do local enquanto os policiais imobilizam o homem ferido e o algemam, sob protestos de pessoas que presenciaram a ação. Veja o vídeo:
Uma testemunha ouvida pela CNN disse que a polícia tratou o homem negro de forma truculenta e teve como uma conduta "cordial e educada" dispensada ao suposto agressor.
"Chegou a polícia uns 10 minutos depois, e fez a abordagem na vítima. Acabou levando ela à força, no camburão na parte de trás", relatou. "O agressor não foi incomodado, subiu, largou a faca em casa, trocou de roupa."
Governador determinou investigação
O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) determinou, ainda no sábado, a abertura de uma investigação de sindicância para apurar a abordagem realizada pela Brigada Militar contra o homem. A informação foi publicada nas redes sociais do tucano.
Sobre a prisão de um homem negro que seria vítima de tentativa de homicídio em POA, determinamos via Corregedoria da @brigadamilitar_ a abertura de sindicância para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade.
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) February 17, 2024
Em outra postagem, Leite diz confiar na Brigada Militar e que, em respeito "aos dedicados profissionais que as integram", a investigação será "célere e rigorosa".
A CNN procurou a Brigada Militar para entender a opção feita pelos agentes públicos e aguarda uma resposta. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul também não se manifestou.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Prisão de homem negro no RS é exemplo de como o "racismo perverte as instituições e agentes", diz Silvio Almeida no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil