Donald Trump fez um aviso apocalíptico a um grupo de agricultores no estado indeciso da Pensilvânia: se ele perder as eleições, "vocês não terão uma fazenda por muito tempo".
Trump falou na segunda-feira (23) num evento destacando a sua promessa de proteger os americanos rurais do suposto poder predatório da China, no qual também mostrou que quando tenta concentrar-se, pode reunir argumentos econômicos populistas e eficazes que ajudam a explicar o seu domínio nas sondagens no questão mais importante nas eleições.
Mas a previsão de Trump sobre falências em massa no setor agrícola também ecoou um refrão familiar – que é a base do seu credo político pessimista. O ex-presidente adapta esta construção a quase qualquer público, ao evocar a visão de uma nação devastada pelo crime, pela crise econômica e por uma invasão de imigrantes.
A maioria dos políticos corteja os eleitores oferecendo-lhes uma visão otimista, vendendo esperança e promessas de mudança. A candidata democrata Kamala Harris está tentando varrer a imagem sombria de Trump sobre a América em crise, invocando a alegria e um novo tipo de "economia de oportunidades". Trump, no entanto, transmite principalmente medo e ameaças.
Ele, por exemplo, alertou os americanos no seu debate com Harris que "vocês vão acabar na Terceira Guerra Mundial". Numa sabatina da Fox News no início deste mês, ele alertou que "este país acabará numa depressão se ela se tornar presidente. Como em 1929?. Ele classifica Harris como "comunista" e "camarada", pois argumenta implicitamente que, se perder, a América não terá mais economia.
Noutra reviravolta da sua retórica extrema, Trump também parece estar à procura de bodes expiatórios caso perca as eleições dentro de pouco mais de 40 dias.
Na semana passada, num evento sobre antissemitismo, o antigo presidente alertou que "o povo judeu" seria parcialmente culpado se ele perdesse em novembro. Ele parecia estar a sugerir, como fez no passado, que os judeus não deveriam votar nos Democratas porque sem o seu apoio fervoroso ao primeiro-ministro de extrema direita Benjamin Netanyahu, poderia não haver mais Israel.
Os comentários foram apenas a última ocasião em que ele invocou um bordão antissemita que sugere que os judeus americanos têm dupla lealdade. A administração Biden, ao mesmo tempo que apela a Netanyahu para que faça mais para poupar os civis palestinos, enviou vastos recursos ao Oriente Médio para proteger Israel, nomeadamente quando liderou um esforço internacional para repelir um ataque massivo de mísseis iranianos em abril.
Visando outro grupo religioso, o ex-presidente escreveu nas redes sociais na segunda-feira que os eleitores católicos "deveriam ter suas cabeças examinadas" se apoiassem Harris, o que implica que os fiéis não aceitariam mais o catolicismo com uma afirmação infundada de que "os católicos estão literalmente sendo perseguidos por esta administração."
No fim de semana, o ex-presidente divulgou uma mensagem bizarra, patriarcal e em letras maiúsculas sobre a Verdade Social que parecia mais um ditame de um estado autoritário do que uma promessa, enquanto ele prometia "As MULHERES SERÃO FELIZES, SAUDÁVEIS, CONFIANTES E LIVRES" se ele for eleito presidente novamente.
Num comício na Pensilvânia, na noite de segunda-feira, Trump – que foi considerado culpado por um júri federal num processo civil por abuso sexual e que está atrás Harris nas pesquisas entre as eleitoras – disse às mulheres americanas: "Eu sou o protetor de vocês. Eu quero ser seu protetor. Como presidente, tenho que ser seu protetor".
Agricultores como metáfora para a economia dos EUA
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CNN Brasil