
As mudanças não ficaram só no setor público. Provoquei o setor privado e promovi o primeiro encontro deste setor no país com o setor público para ações de promoção de pessoas negras no mundo corporativo, que deu base para o início de muitas mudanças neste setor como, por exemplo, os programas de trainee em empresas.
Até hoje, esses programas se multiplicam, o que me deixa feliz quando encontro jovens executivos negros frutos dessa política, criada a menos de uma década e hoje servindo de inspiração para programas semelhantes. Um projeto que nasceu subsidiado pelo governo municipal, com o título de São Paulo Diverso, hoje caminha sozinho e se transformou no Brasil Diverso, totalmente independente, envolvendo e patrocinado pelo setor privado.
Temos ainda uma longa estrada a percorrer até que a equidade racial no Brasil seja uma realidade. Sabemos das disparidades e do quanto as pessoas negras cotidianamente são privadas dos mais simples e fundamentais direitos, como uma educação de qualidade ou o direito de ir e vir em determinados territórios do país, ou até mesmo de ser promovido em um cargo pelo simples fato de serem negras.
Porém, olhar para frente com o otimismo vigilante é nada mais que a simplificação mais profunda de uma frase de Martin Luther King, que disse certa vez sobre a escolha entre o amor e o ódio: “eu decidi ficar com o amor. O ódio é um fardo muito grande para carregar”. Isso é a essência da consciência negra e humana, que deveria ser disseminada neste momento de reflexão.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Maurício Pestana: consciência que constrói pontes no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil